Piloto de corrida e advogado que conseguiu liberação de helicóptero do PCC são alvos de operação
O piloto e empresário Roberval Andrade, da Copa Truck, foi preso nesta quarta-feira (25), sob suspeita de ligação com a facção; outros dois policiais civis também foram detidos
Reprodução/Instagram/@@robervalandrade15

Os policiais destacaram que o papel de Roberval Andrade era principalmente na lavagem do dinheiro do PCC
A Polícia Federal com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado de São Paulo, Polícia Militar e Corregedoria da Polícia Civil paulista realizaram hoje (25), a Operação Augusta. Conforme as investigações, o piloto de corrida de caminhão da Copa Truck, Roberval Andrade, foi preso sob suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Além dele, os investigadores Sérgio Ribeiro, que faz parte do Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc), e Marcelo Marques de Souza, do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), tiveram pedidos de prisão expedidos pela Justiça.
As apurações da PF revelaram que o piloto de corrida contribuía com o Primeiro Comando da Capital (PCC), num esquema para favorecer ilegalmente pessoas investigadas em inquéritos criminais, mediante o pagamento de vantagens indevidas. Entre os crimes apurados estão o arquivamento irregular de procedimentos policiais, o repasse clandestino de informações protegidas por sigilo e a intermediação ilícita e apresentação de documentos falsos para a restituição de bens apreendidos.
Além das três ordens de prisão, nove mandados de busca e apreensão, tanto na capital paulista como também em Praia Grande (SP), foram cumpridos. Um dos locais onde os policiais fizeram a apreensão de documentos foi no endereço ligado ao advogado Anderson Domingues, conhecido por fazer a defesa de lideranças do PCC, como o traficante André do Rap que já teve um helicóptero apreendido e depois devolvido. Segundo a Polícia Federal, o advogado era o responsável pela articulação entre os agentes públicos e os integrantes da organização criminosa mudando o curso das investigações para beneficiá-los.
Os policiais destacaram que o papel de Roberval Andrade era principalmente na lavagem do dinheiro do PCC. Conforme a PF, quando os investigadores da Polícia Civil chegaram até o nome do piloto e empresário, o advogado articulou por meio dos policiais civis com o pagamento de propina para livrá-lo das investigações. Com a ajuda dos agentes da civil, Marques e Ribeiro, Domingues conseguiu a restituição do helicóptero de Andrade. A transação envolveu fraude de documentos por parte dos investigadores e teve um “custo” de R$ 700 mil. O piloto foi campeão na Fórmula Truck, em 2002 e 2010, e na Copa Truck, em 2018.
As investigações que resultaram nas buscas e prisões desta quarta-feira (25), são um desdobramento da Operação Tacitus que já prendeu um delegado e três policiais civis supostamente envolvidos numa rede de corrupção, com base na delação de Vinicius Gritzbach.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública confirmou as informações apuradas pela coluna destacando que um policial está sendo apresentado na Delegacia do Deinter 6, em Santos, e deverá passar por audiência de custódia nas próximas horas. Ainda durante a operação, também foi cumprido um mandado de prisão e de busca e apreensão contra outro agente, que já se encontra detido. As investigações seguem sob sigilo para não comprometer o andamento dos trabalhos. A coluna tentou contato com todos os citados na reportagem, mas até o momento não conseguiu, por isso, o conteúdo poderá ser atualizado.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.